terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Do desejo

Porque há desejo em mim
tudo é cintilância
        Hilda Hilst

Alguns poemas não podem ser escritos.
Posto que os escrevo com a tinta da vida,
com o sangue dos dias,
e não posso sangrar certos mares.

Resta-me dizer da violência do sol
lambendo as bordas das nuvens.
Falar de minha alma sedenta de luz
e rasgar a pele das páginas,
maculando o branco resoluto.

Tudo é desejo e cintilância.
E a vida corre macia
como tua língua,
nas minhas coxas.

4 comentários:

  1. fantástico. A violência do Sol tão carinhoso na sua invasão diária, no seu lamber de nuvens, seu nefelibatismo. sensacional.

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  2. Lívia, ganhei seu livro de presente neste natal.Gostei muito do livro. E do seu encanto pelo mar, a força que ele te dá para escrever belíssimas poesias.Parabéns!!! Tenho um blog de poesia também se puder dê uma olhadinha monicapoesia.blogspot.com
    Um abraço poético,
    MônicaFSSoares

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  3. Adorei a inspiração em Hilda e o versar em Lívia!!! Lindíssimo!!! Vou te escrever pois quero um exemplar do teu livro. Um abraço poético.

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