Diz a ciência que o mundo tende ao caos. Para além das buzinas e sua fúria, das pernas que passam ligeiras buscando o caminho, das bocas que devoram o tempo como se comessem o pão, estou eu, com meus olhos cheios de calma dúvida.
Grávida de mundo, prenhe de multidão, minha cabeça espera o melhor momento para atravessar e ver o que há na outra beira. Mas a outra beira me aponta o precipício e vozes antigas se lançam dele deixando rastros no ar pesado. É o inferno, diriam.
Não, é a vida.
Esta mesmo que busco comer com uma boca de fome: violenta. Mas que dança torta na minha boca, sobrando nos dentes, e nisso, mordo também a língua e a carne das bochechas. Mas isto também só se sabe depois.
Ainda assim não há sobras a recolher.
Não há acasos
e toda espera é apenas a lenta digestão da véspera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário