POEMINHAS DE AMOR SEM ENFEITE NENHUM
Para A.P.
Do despertar
Ele acorda sem dar uma só palavra:
O primeiro caminho de voz é para o Orixá. E eu fico posta na cama, tremendamente humana,
enquanto meu corpo o espera sem calma.
Cotidianos
Ele tomou para si minha mania de planos e listas.
Assim, enquanto eu varo madrugadas destrançando os fios de seus cabelos
e bêbada do cheiro de sua pele,
ele rascunha no ar o roteiro de nossa felicidade.
Medo
Quando o dia está muito escuro,
e chove em cada dobra do mundo.Ele abraça a minha mão.
Segredos
O que partilhamos, multiplicando estrelas no nosso céu,
não nos divide.
Beleza
Meu homem é muito bonito: seu corpo é negro e esguio.
Seus cabelos perfumosos dançam no seu dorso largo.
E ainda há os olhos, e sua boca castanha e absoluta.
Mas, sob o manto de toda a beleza,
Há uma camada de boniteza Que só eu conheço:
por que ele mora em mim.
Sorriso
Algumas flores só os meus olhos recolhem.
Primaveras no lençol
Trago flores nos cabelos, dependuradas nas roupas, tatuadas no corpo.
Mas a flor mais delicada, que guardo sob algodões e sedas,
só desbrocha nos lábios de meu bem.
O abraço do "Medo"...belíssima construção...a pluviosidade poética fertiliza, abençoa cada dobra da terra! Salve!
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