terça-feira, 8 de novembro de 2011

Poema inédito

Oração

Se um dia deste meu ventre
brotarem árvores-filhos
que sejam fortes como os livros
a que tanto amo.

Que eu possa morar
nas dobras de suas páginas
e me escrever nas suas margens,
(como num rio)
que eu mergulhe em suas sendas minúsculas,
como nas entranhas das palavras.

Que meus filhos me amem,
como meus livros
e que não fiquem apriosionados
nas minhas estantes!

Que mais que páginas
tenham pés e asas,
que voem brutos
desenhando sombras nos céus.

Que meus filhos possam olhar meus retratos
e que possam ver,
para além da beleza possível,
os olhos da mãe improvável.

Que deste ventre nasçam
mais que filhos-palavras,
corpos carne e sangue
donos de minha mais profunda
e ineludível substância.

3 comentários:

  1. suas palavras esticam os sentidos da delicadeza para potência e oscilam sem parar nesse meio, parece uma valsa, ou pra contextualizar mais nosso dia a dia, um samba de roda que bate em mil ritmos e faz querer dançar. Hoje demorei pra comentar algo porque dancei por muito tempo nos detalhes disso tudo. Grande abraço, professora.

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  2. [não encontro uma palavra, nessa imensidão de palavras ancoradas no céu, que se brilhe nessa sublime,

    nesse arrumo de corpo, coração, oração
    de livro]

    um grato abraço,

    LB

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  3. Ainda bem que pude ganhar em 2011 o PRESENTE de ter vc como minha querida professora... O encanto das suas palavras faz brilhar meus dias e iluminam meus pensamentos. Obrigada Lívia!
    Mil bjs,
    Taty

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